Marilande G. Merçon. S. Santos
A vida acontece em ciclos e em cada novo ciclo existe risco mas também existe a vontade de explorar um terreno desconhecido.
O ser humano tem fome de novidades, força propulsora do impulso natural para explorar o mundo. Fome é instinto e impulsos são manifestações dos instintos. Além disso sendo o instinto a parte humana profunda que interage com Deus, talvez seja verdadeira a afirmação de que uma pessoa ao obedecer a um impulso e se arriscar no desconhecido de um relacionamento com outra pessoa está querendo compreender melhor o seu relacionamento com Deus, possivelmente movida pela esperança ou pela certeza inconsciente de poder descobrir o significado das manifestações divinas no seu mundo interior.
Em cada novo ciclo a qualidade de vida das pessoas em seus relacionamentos tende a ser diferente da do ciclo anterior, e aqui vale assinalar que este raciocínio se aplica para relacionamentos com um novo parceiro ou com o mesmo parceiro pois a variável considerada é apenas o novo ciclo. A qualidade de vida das pessoas em seus relacionamentos pode se manter estável ou pode mudar para melhor ou para pior dependendo da aceitação (consciente ou não) das interferências positivas ou negativas sofridas pelo processo evolutivo natural. Logo depois de uma mudança positiva o sentimento de satisfação pode estar mesclado com aquela sensação de algo mágico e bom. A sensação de mágica, quando existe, perdura até o dia em que se compreende que a bagagem trazida dos ciclos anteriores está sendo sabiamente aproveitada como provedora de alguns dos elementos necessários para que as coisas aconteçam do jeito que estão acontecendo. E depois da compreensão este estado de mágica tende a evoluir para um estado de confiança e segurança.
A mágica só existe enquanto não percebemos o que estamos fazendo ou deixando de fazer para que as coisas aconteçam do jeito que estão acontecendo e enquanto não captamos o mecanismo da transformação.
O maestro, a bailarina e o pintor fazem mágica usando as mãos e os braços, a cabeça e o coração. Executando movimentos aprendidos e aperfeiçoados tecnicamente são capazes de oferecer espetáculos impecáveis. Porém, oferece um espetáculo incomparavelmente divino aquele que, além de seguir a técnica, coloca um profundo sentimento de amor comandando os movimentos do seu corpo e da sua mente, dos seus braços e das suas mãos. É possível ter e manter uma boa qualidade de vida adotando e treinando atitudes positivas porém é incomparavelmente diferente e interessante quando é a essência humana quem rege a orquestra e oferece harmonia ao relacionamento que estamos vivendo, quem pinta os quadros e oferece beleza às nossas recordações e quem imprime sensibilidade e amor aos pensamentos, movimentos e palavras dentro desse relacionamento.
Marilande G. Merçon. S. Santos e-mail: mlande@ibm.net