Lembro-me de quando nosso filho Randy jogava muitíssimo bem na Liga Infantil de Futebol. Ele tinha feito uma série de gols incríveis naquele ano e ajudado seu time a chegar à final do campeonato. Era o ano de sua vida e eu, como qualquer pai, estava todo orgulhoso.
Mesmo tendo um desempenho excepcional, Randy foi diversas vezes para o banco de reservas porque os técnicos queriam dar oportunidade ao maior número de garotos possíveis. Sempre educado, Randy não se queixava e parecia contente em dar aos outros a chance de brilhar. Ele não estava lutando pelo lugar.
Mas eu estava!
Mais de uma vez disse ao treinador como me sentia sobre o fato. Como ele podia deixar no banco um garoto que se saíra tão bem naquele ano? Como podia substituí-lo por meninos que não se importavam tanto, nem jogavam tão bem? Ele não queria vencer? Não estava enviando os sinais errados, deixando de lado o garoto que se esforçava mais e jogava melhor?
Na verdade havia realmente sinais errados naquele campo. Mas não vinham do técnico. Era a minha impaciência, minha atitude do tipo vencer-a-qualquer-preço, que estava enviando os sinais errados!
Randy não gostava de ver o pai conversando com o técnico. Isso o deixava nervoso e o envergonhava. Ele ficava olhando por cima do ombro, imaginando como o pai iria reagir a essa ou àquela decisão. Havia uma nuvem ameaçando aquele ano espetacular. No fundo do coração, eu sabia que minhas atitudes o aborreciam – e pedi a Deus que me ajudasse a dar uma freada naquilo.
Quando Randy foi chamado para o time juvenil, todos ficamos eufóricos. Lembro que cheguei um pouco atrasado a um dos jogos porque vinha de uma viagem e fui direto do aeroporto. Andando do estacionamento para o estádio, vi que a equipe de Randy já estava em campo e meu coração começou a bater mais depressa.
Mas onde estava Randy? Cheguei perto das arquibancadas e lá estava ele, sentado no banco. O que era aquilo? Não fazia o menor sentido! Aquele era o artilheiro do time. E ele estava começando o jogo no banco?
Sério, Randy olhou por cima do ombro, observando enquanto eu me sentava na arquibancada. Vendo a expressão de seu rosto, honestamente me senti como se pudesse ler seus pensamentos. Ele estava pensando: "Ah, Senhor. Eu sei que papai está muito desapontado e aborrecido por me ver no banco. Meu Deus, por favor, não o deixe dizer nada, nem demonstrar o que sente."
Pela graça divina, aquele foi o momento em que finalmente compreendi. Enquanto dirigia do aeroporto para o estádio, me senti impressionado por, de alguma forma, ter de convencer aquele jovem de como me orgulhava dele – e de que ele não precisava estar em campo para receber minha aprovação.
Cheguei perto da cerca e me inclinei. Meu filho olhou para cima, um pouco apreensivo.
- Randy, quero que você saiba que papai está tão contente em ver você no banco como gostaria se você estivesse jogando e fazendo gols. Eu não podia estar mais orgulhoso. Você é meu filho e não tem que fazer nada para me agradar ou receber minha aprovação. Minha aprovação é de cem por cento. Amo você, meu filho.
Seus olhos se encheram de lágrimas, e ele sorriu. De alguma maneira, eu sabia que tinha tocado num ponto delicado. E agradeci a Deus de coração, pois sabia que tinha feito exatamente o que era certo.
James Robinson
Histórias para Aquecer o Coração dos Pais - Jack Canfield & Mark V. Hansen & Jeff Aubery & Mark & Chrissy Donnelly
Editora Sextante