Conhecemos um casal abastado de Dallas que enfrentou grandes dificuldades para ensinar seus filhos a arte de servir ao próximo. O problema era que, durante anos, as crianças sempre tiveram tudo o que desejaram. Acostumaram-se tanto a ter seus desejos satisfeitos que a ideia de "servir" alguém parecia coisa da Idade Média... ou de Marte.
O pai daquela família compreendeu que estava começando um pouco tarde, mas um momento!, começar tarde é melhor do que não começar!
Cerca de uma semana antes do feriado de Ação de Graças, ele disse à família:
- Vamos fazer uma coisa diferente neste Dia de Ação de Graças.
Seus filhos adolescentes ficaram alerta e prestaram atenção. Normalmente, quando o pai dizia coisas desse tipo, elas significavam algo exótico. Por exemplo, navegar de barco a vela nas Bahamas.
Mas desta vez não foi nada disso.
- Vamos trabalhar na missão – ele disse. - Vamos servir a ceia do Dia de Ação de Graças a pessoas pobres e sem-teto.
- Fazer o quê?
- Ah, papai, você está brincando... não é verdade? Diga que está brincando...
Ele não estava brincando. Os filhos concordaram por causa da insistência do pai, mas não ficaram felizes diante dessa perspectiva. Por um motivo qualquer, o pai havia tomado uma "atitude excêntrica" e, aparentemente, tirara aquela ideia da própria cabeça. Trabalhar na missão! E se os seus amigos soubessem disso?
Ninguém poderia prever o que aconteceria naquele dia. E ninguém da família podia lembrar-se de um dia melhor que passaram juntos. Eles se aglomeraram na cozinha, colocaram o peru com o molho em travessas enfeitadas, fatiaram a torta de abóbora e encheram um sem-número de xícaras de café. Depois, brincaram com as crianças e ouviram os mais velhos contarem histórias sobre o Dia de Ação de Graças que haviam acontecido muito tempo atrás e bem longe dali.
O pai ficou muito satisfeito (e por que não dizer atônito?) diante da reação dos filhos. Mas não estava preparado para o pedido que lhe foi feito algumas semanas depois.
- Papai.. queremos voltar à missão para servir a ceia de Natal!
E eles serviram. Enquanto as crianças brincavam, eles reencontraram algumas pessoas que conheceram no Dia de Ação de Graças. Uma determinada família carente não lhes saía do pensamento, e todos ficaram felizes quando a viram novamente na fila da sopa. Desde aquela ocasião, as famílias têm-se visitado. Os adolescentes mimados arregaçaram as mangas outra vez para servir as pessoas de um dos bairros mais pobres de Dallas.
Houve uma mudança importante, e ao mesmo tempo sutil, dentro daquela casa. Os adolescentes deixaram de ter a certeza de que conseguiriam tudo na vida. Seus pais notaram que eles ficaram mais sérios... mais responsáveis. Sim, foi um começo tardio. Mas foi um começo.
Gary Smalley e John Trent
Histórias para o Coração
Alice Gray
United Press