O Papa Francisco nos recordou no início do ano: “Recordemos as três palavras-chave para viver em paz e alegria em família: com licença, obrigado, desculpa. Quando em uma família não se é invasor e se pede ‘com licença’, quando em uma família não se é egoísta e se aprende a dizer ‘obrigado’ e quando em uma família um percebe que fez algo ruim e sabe pedir ‘desculpa’, naquela família há paz e alegria”.
Para construir a paz, é necessário cultivar esse amor fraterno cada dia. Um amor que se preocupa pelo outro, que vai além de si mesmo. Quando vivemos assim, os problemas dos outros começam a nos importar e se tornam mais importantes que os nossos.
Mas… e nós? Somos construtores da paz verdadeira, pacificadores deste mundo tão violento? Atentados terroristas, guerras, mentiras, difamações, violência doméstica, ódio. Os noticiários evidenciam a falta de paz no mundo, e gostaríamos de mudar isso. Mas sabemos que a paz, assim como a violência, nasce no coração.
É inacreditável pensar que para muitas pessoas a palavra paz seja algo abstrato, meramente discursivo. Conquistar a paz é um ideal de quase todos os seres humanos, mas ela não se resume apenas na ausência de guerras e conflitos.
É algo muito mais pessoal e subjetivo do que podemos imaginar, e sem sua manifestação individual, a paz coletiva se torna cada vez mais difícil. Como alcançar um estado de paz quando vivemos rodeados de notícias alarmantes e tragédias cotidianas que são, aliás, a demonstração mais evidente da ausência de paz nos corações?
De fato, nos dias em que vivemos não é fácil obter silêncio, recolhimento e quietude para experimentar a paz. Mas ela pode, sim, ser alcançada com determinação e vontade.
Se estivermos plenamente conscientes de que a paz não é uma dádiva, mas uma conquista, poderemos então acessar um novo estado de consciência, uma atenção permanente sobre nossos próprios humores e sentimentos, que pode nos levar a vivenciar cada vez mais esta energia.
Quanto mais precocemente iniciarmos essa tarefa, maiores serão as chances de que as novas gerações desenvolvam o cultivo da paz. Mas de nada adiantam belos discursos sem uma demonstração prática, em todas as situações de nosso cotidiano, de que somos defensores da paz. O exemplo ainda continua sendo o método mais eficaz de educação que podemos utilizar.
Precisamos decidir, a cada momento, se reagiremos a uma provocação com violência ou nos manteremos centrados e em sintonia com nosso verdadeiro eu, aquele que não se importa em ter sempre razão ou com a opinião que outros possam ter a nosso respeito.