James Boswell (1740-1795), advogado escocês famoso pela biografia de Samuel Johnson, disse uma vez que “não sabemos dizer o momento preciso em que se forma a amizade. Ao enchermos um jarro gota a gota, a última faz o jarro transbordar; assim, numa série de gentilezas há uma última que faz transbordar o coração.” Aqui, na Vida de Samuel Johnson, ele aconselha a encher a vida de amizades antigas e novas. Uma vez formada, a amizade deve ser reabastecida de tempos em tempos, portanto permanece em “manutenção constante”.
Muitas vezes tenho pensado que, como a longevidade é geralmente desejada e, creio, geralmente esperada, seria aconselhável adicionar continuamente novos amigos, de modo que a falta de uns possa ser suprida por outros.
Assim a amizade, “o vinho da vida”, tal como uma adega bem provida, deveria ser constantemente renovada; e é consolador pensar que, embora raramente seja possível a reposição no mesmo nível das generosas primeiras-safras da juventude, a amizade torna-se imperceptivelmente antiga em tempo bem menor do que se imagina, e não são necessários muitos anos para se tornar madura e agradável. O calor faz, sem dúvida, considerável diferença. Homens de temperamento afetuoso e riqueza de imaginação irão se unir muito mais cedo que os frios e embotados.
A proposição que me empenhei em ilustrar foi, num período subsequente de sua vida, a opinião do próprio Johnson. Ele disse a sir Joshua Reynolds que “se um homem não trava novos conhecimentos à medida que avança pela vida, em breve se encontrará sozinho. Um homem, senhor, deve manter a amizade em constante manutenção”.
Do livro: O livro das Virtudes