Um poderoso rei era conhecido por sua ambição.
Um dos defensores do povo humilde daquela aldeia, não suportando mais ver tanta corrupção e injustiça, resolveu dar uma boa lição no rei.
Pesquisando seus hábitos diários descobriu que o rei todas as semanas passeava perto do rio para pedir peixes frescos aos pescadores.
O homem justo conseguiu quatro pedras de ouro e sentou-se na margem do rio como se fosse plantar.
O rei vendo a cena, perguntou ao homem o que significava aquilo. Ele respondeu tranquilamente que estava preparando as sementes para plantar ouro.
O rei muito interesseiro já começou a ver um jeito de ganhar dinheiro com aquela descoberta e prontamente lhe ofereceu sociedade. Daria ao homem vinte por cento e ficaria com o restante, pois afinal, ia lhe dar as “sementes”.
O homem concordou e no dia seguinte foi ao rei apanhar somente duas sementes porque o tempo não estava muito bom para o plantio.
O homem deixou passar uns três dias e retornou ao rei com seis pedras de ouro, afirmando já ser a colheita. Na verdade, as seis pedras eram as quatro iniciais e as duas que ele apanhara com o rei.
O rei na sua extrema cobiça, arregalou os imensos olhos que brilhavam tanto quanto as pedras de ouro.
Colocando as mãos nos ombros do homem, disse solenemente:
- Para boas sementes não há tempo ruim. Vamos, venha buscar boas e muitas sementes!
O rei levou o homem até o cofre real recheado do ouro do povo e mandou que enchesse duas carroças de “sementes”.
O homem assim fez.
E chegando na aldeia, distribuiu entre o povo o ouro...
O homem deixou passar alguns dias e voltou ao rei que o acolheu de braços abertos.
- Meu filho, por que não avisou que estava chegando? Que perigo você andando por aí sozinho com tamanha quantidade de ouro! Quantas carroças? Vinte? Trinta?
O homem, fingindo tristeza, respondeu:
- Rei, aconteceu uma tragédia. Plantei aquelas sementes, reguei-as com carinho, mas uma inesperada praga destruiu toda a nossa plantação. Perdemos tudo!
O rei ficou furioso e aos gritos avançou sobre o homem:
- Você acha que sou tolo o suficiente para acreditar que pedras de ouro podem ser devoradas por uma praga como se fossem árvores?
O homem respondeu calmamente:
- Se o senhor não acredita que ouro possa ser destruído como árvore, como pode ter acreditado que semeando poderia dar frutos?
O rei ficou furioso com a astúcia do homem, mas não fez nada contra ele.
O homem continuou sua viagem e nunca mais se ouviu falar nele.