Existia, numa certa ilha, um pinguim que só sabia comer. Passava o dia pescando e banqueteando-se com as suas presas. Não se importava com os outros pinguins, que ficavam uma boa parte do tempo brincando uns com os outros e fazendo excursões pela ilha. Ele não gostava de fazer essas coisas; dedicava todo o seu tempo e energia a satisfazer o seu enorme apetite devorador.
Os seus pais chamavam-lhe a atenção com frequência.
- Meu filho, dizia a mãe, por que não vai passear com seus amigos?
- Não, mamãe, estou muito ocupado pescando minha comida, respondia ele.
- Mas, filho, na vida há tempo para tudo, argumentou ela, surpresa.
- Não pense nisso, mamãe. Eu sei o que faço; não se preocupe, disse o pinguim.
Como era inútil discutir com ele, os pais acabaram desistindo.
Numa tarde de primavera, o pinguim encontrou um grupo de amigos seus que faziam acrobacias na neve. Que belos saltos e que graça tinham! Na verdade, possuíam uma invejável agilidade. Então, atraído pela beleza dos exercícios, quis participar deles, sem se lembrar que estava gordo. Por mais que se esforçasse, não conseguiu acompanhar os amigos.
Sentiu-se infeliz por não poder brincar com os demais. Resolveu mudar de atitude. Procurou um recanto mais afastado da ilha, e ali permaneceu vários dias, comendo com moderação.
Quando regressou a casa, já tinha recuperado o seu peso. E também tinha aprendido uma grande lição: nunca mais voltaria a comer em excesso. Queria ser um pinguim como os outros.