Os periquitos têm fama de tagarelas. Mas Periquitita deixava as outras mudas, com o seu falatório incessante. Era capaz de ficar vinte e quatro horas falando sem parar. Quem tivesse a desgraça de ser escolhido como vítima ouvinte, não escapava dela tão cedo. Ao fim de algum tempo, o pobre infeliz estava zonzo de tanta conversa fiada em seus ouvidos.
- Temos de fazer alguma coisa para nos livrar do tormento que a Periquitita nos causa, propôs a zebra.
- Bah! Isso é muito fácil! Exclamou Lemurito, que por alguma razão era considerado o melhor de sua turma. Vamos oferecer-lhe um espelho. Assim ela poderá falar consigo mesma a toda hora. Ela fica tão empolgada com a conversa, que nem vai perceber que está falando sozinha!
O truque deu resultado. Lá ficou a Periquitita, no meio de uma clareira do bosque, falando... falando... com a sua própria imagem refletida no espelho.
Já estava assim havia três dias. Não há nada que a deixe mais entusiasmada do que um ouvinte que nunca responda nada. Se continuasse assim mais uma semana, correria o risco de ficar esgotada.
Mas, que se há de fazer?