Vivia numa linda floresta, cheia de árvores frondosas e regatos de águas cristalinas, uma formosa lebre chamada Pitanga. Os bichinhos da mata lhe puseram esse nome porque seus olhos eram vermelhos como pitangas e ela gostava muito de comer essas deliciosas frutinhas... Ela era, realmente, uma gracinha! Possuía um focinho cor-de-rosa, orelhas pequeninas e mimosas, pelos brilhantes, sedosos e a cauda branquinha, tão delicada, tão macia que mais parecia um punhado de algodão. Pitanga tinha, no entanto, um terrível defeito: era muito mexeriqueira!
Se encontrava um corvo palestrando com um pombo, escondia-se sorrateiramente, atrás de uma árvore e ficava tão quietinha ouvindo a conversa. Depois ia espalhar pela mata inteira tudo o que tinha ouvido e também o que não tinha.
Aconteceu que, ao fim de certo tempo, a mata ficou em grande polvorosa, ninguém mais se entendia. Não havia mais harmonia entre os animais.
A lebre morria de rir da confusão que provocava entre a bicharada. Então o rei da floresta, vendo que aquela lebrinha era a causa de tantas discórdias, chamou-a à sua presença e repreendeu-a com energia.
A lebrinha, morrendo de medo, arregalava os olhinhos vermelhos e tremia da cabeça aos pés, prometendo emendar-se e nunca mais fazer intrigas.
Quando o rei a mandou de volta, segurou-a pelas orelhas e foi soltando devagarinho. À medida que as orelhas iam escorregando entre as mãos do rei, elas iam se esticando.
Quando ele viu que estavam bem longas, soltou-as de uma vez. Desde esse dia, a lebrinha muito tímida, vive a sua vida sem se preocupar com a vida dos outros e é muito querida por todos, apesar do tamanho de suas orelhas.
Autor: Desconhecido
Publicado em: 26/02/2015