Se todos os raposos pensam que são espertos, o grande fanfarrão Raposito considerava-se nada menos do que o Einstein da sua espécie! Passava o dia gabando-se de suas qualidades. Que não havia galinha que lhe resistisse, que era capaz de comer um galinheiro inteiro de uma só vez, que isso, que aquilo...
Como era muito vaidoso e arrogante, os seus vizinhos achavam que ele era capaz de tudo isto e muito mais. Por via das dúvidas, preferiam ficar o mais longe possível dele.
Um dia, Raposito encontrou-se com um amigo seu que estava todo machucado.
- Mas, amigo, que lhe aconteceu? perguntou Raposito.
- Ah! Nem lhe conto, Raposito! Estava caçando umas galinhas num galinheiro aqui perto. Queria comer algumas logo de uma vez. Mas o galo, dono daquele terreiro, estava espreitando e quando viu minhas intenções, deu-me uma sova! Olhe só o estado em que ele me deixou! queixou-se o compadre ferido.
- Bah! Isso porque você é um palerma! Se tivesse sido comigo, eu teria dado cabo da galinhada toda! gabou-se Raposito, como de costume.
Como o raposo deixasse transparecer suas dúvidas, o orgulhoso amigo garantiu:
- Vou daqui direto ao terreiro do galo valentão. Como sou esperto, vou primeiro ganhar a confiança dele e de todas as galinhas que lá vivem. Quando estiverem descuidadas, zás! papo todas!
E lá se foi Raposito ao galinheiro do galo, cheio de amabilidade e de cortesia. Uma conversa aqui, um presente acolá...
Raposito nem desconfiava de que o coelhinho tivesse escutado toda a sua conversa com o raposo. Rápido como um raio, o coelhinho tinha ido contar tudo ao galo. Ele, que não era tolo, resolveu fingir que acreditava na amabilidade de Raposito, até poder lhe dar uma boa lição.
No terceiro dia, Raposito entrou no terreiro disposto a fazer o maior estrago. Mas o galo estava atento e, juntamente com um grande número de galinhas, lhe aplicaram uma surra espetacular. Desde então, nunca mais Raposito voltou a gabar-se de nada!