Manolo era um cãozinho muito aplicado e inteligente, tirava sempre as melhores notas da turma. Todos pensavam que mais tarde Manolo poderia dedicar-se às ciências ou à pesquisa. Mas bastava escutá-lo por alguns minutos para perceber o que realmente desejava Manolo.
- Quero ser o jogador de futebol mais famoso de todos os tempos, e ninguém poderá impedir-me, dizia constantemente.
Seu pai, já idoso, conhecia a fundo a vida. Por isso, dizia sempre:
- Filho, gosto da confiança que deposita em si próprio. Mas deve levar em conta que nem sempre conseguimos concretizar nossos sonhos. O destino pode ter planos diferentes para nós. Compreende? Se por alguma razão, você não conseguir ser um bom jogador de futebol, não gostaria de vê-lo deprimido por causa disto.
- Não, pai! Tenho força de vontade e firmeza suficientes para alcançar meu ideal. Destino não existe: é assunto para novelas. Meu destino sou eu que faço! respondia Manolo, um pouco aborrecido.
Essas discussões eram frequentes. O tempo passou e o pai de Manolo adoeceu e morreu. Poucos dias depois, Manolo deu uma queda e partiu uma pata. Os médicos não puderam fazer nada para lhe devolver a sua antiga capacidade física. Manolo voltou a andar normalmente, mas podia esquecer seus sonhos, porque jamais poderia voltar a jogar futebol com o mesmo desempenho que antes.
Angustiado, Manolo compreendeu o que seu velho pai tinha querido dizer-lhe... para poupá-lo. Desde esse momento, Manolo mudou. Percebeu que seu sonho terminara, mas sua vida continuava e que outros sonhos ainda poderiam ser sonhados.