O jaguar era forte e robusto como um castelo, mas a sua miopia tinha-se tornado famosa em toda a região. E não era exagero dizer que ele não enxergava um palmo diante do nariz. E além disso, era muito teimoso.
O jaguar tropeçava em tudo o que lhe aparecia pelo caminho. Troncos de árvore, pedras, ramos caídos, raízes que saíam da terra... E como se não bastasse, caía em todos os buracos que havia à sua volta. Como consequência disto, vivia com a cabeça e o corpo cheio de galos.
- Quem, eu? Míope? Bah! Não sabem o que estão dizendo! respondia o jaguar sempre que seus amigos, com pena de tantos tombos, o aconselhavam a ir ao oftalmologista.
O jaguar era um adepto ferrenho do futebol e comprava sempre ingressos para a primeira fila. À medida que sua miopia ia aumentando, ele ia-se aproximando cada vez mais dos jogadores, até que chegou a sentar-se mesmo no meio do campo. Até se negou a continuar indo ao futebol. Tudo, menos usar óculos.
Quando, por fim, não teve outro remédio senão ir ao oftalmologista, pois já não conseguia enxergar nem sua própria mão diante do nariz. O doutor, então, receitou-lhe uns óculos que eram quase maiores do que ele.
- Se tivesse vindo antes, poderia usar óculos normais, mas agora... disse-lhe ele, aborrecido.
Veja você o resultado da teimosia. Nunca faça como esse jaguar!