Os pais da cadelinha estavam desesperados. Fazia muitos dias que ela não comia nada. Como era possível, se lhe preparavam os pratos mais deliciosos e tinham tentado fazer com que tomasse comprimidos e xaropes para abrir o apetite? Tudo fora inútil. A cadelinha, muito teimosa, continuava na sua:
- Para que comer, se não tenho fome? Argumentava ela. Deixem-me em paz que, quando sentir vontade de comer, comerei.
Era preciso deixá-la tranquila, pois o tempo passava e ela enfraquecia a olhos vistos. Médicos amigos da família receitavam-lhe os remédios mais estranhos. Mas nada adiantava.
Um belo dia, chegou à aldeia um cão vagabundo que, sabendo do grave problema que preocupava a todos, foi à casa da cadelinha e ofereceu-se para levá-la por alguns dias até o monte, assegurando-lhes de que ela voltaria curada. Os pais da cadelinha, preocupados, pensaram bem na proposta. Tinham medo de deixar sua filha nas mãos de um desconhecido, mas não tinham opção. Ou aceitavam, ou sua filha morreria.
O cão vagabundo e a cadelinha passaram vários dias a correr pelas montanhas e vales, planícies e bosques. Ele comia sempre que lhe apetecia, mas não deixava que ela provasse nada. Quando regressaram, a cadelinha estava realmente esfomeada. Devorou toda a comida que encontrou pela frente. Seus pais e amigos suspiraram, aliviados. A cadelinha estava salva!